23 dezembro 2013

OS NOSSOS ECONOMISTAS PODEM AJUDAR O PAPA

       
1. Certas atitudes e palavras do Papa Francisco, já muito glosadas, denunciam uma economia que mata. Isto nem deveria causar grande surpresa, pois os frutos denunciam a árvore. Os efeitos de certas práticas económicas produzem um mundo onde o abismo entre os muito ricos e os pobres não cessa de crescer. Mesmo em Portugal, segundo consta nos meios de comunicação, os multimilionários aumentaram a sua riqueza, mas o conjunto da população nem por isso.

Não há aqui nenhuma desconsideração por todos aqueles que têm engenho e arte de constituírem empresas que dão trabalho, lucros e repartição dos ganhos. Têm a noção de que o êxito da empresa é obra de todos e é para benefício de todos. Há outros casos de fortunas pouco produtivas e de fuga ao fisco, que parecem só pensar no luxo pessoal ou familiar e em caprichos. Façamos uma viagem. Consta que, na ilha Hainan (China), a regra são as faustosas e ridículas exibições do novo-riquismo. Um desses ricos, Xing Libin, gastou no casamento da filha, 8.455 milhões de euros, e além desta insignificância ainda lhe ofereceu uns míseros seis Ferraris.

No Novo Testamento também se fala de quem se banqueteava luxuosamente todos os dias, enquanto à porta só um cão cuidava da fome e das feridas de um pobre.

Dir-se-á que o mundo é assim, sempre foi assim e sempre assim será. O próprio Jesus verificava que não eram os pobres que faltavam ao Judas.

Este Papa parece que quer continuar com a mania de Jesus de não suportar uns à mesa e outros à porta. Resolveu denunciar as economias e as políticas que fabricam pobres e não têm imaginação para mudar este mundo numa terra fraterna. A globalização que existe é a da indiferença. Economistas portugueses já esclareceram que o Papa fala assim porque não percebe nada de economia. Se passasse uma temporada na Universidade Católica portuguesa, nas faculdades de economia e gestão, podia aprender a falar com mais cuidado, para não lhe acontecer o que aconteceu a Jesus, que caiu na asneira de dizer o seguinte:

Ninguém pode servir a dois senhores; ou há-de aborrecer a um e amar o outro, ou dedicar-se a um e desprezar o outro. Não podeis servir a Deus e ao Dinheiro. Os fariseus, amigos do dinheiro, ouviam as suas palavras e zombavam dele. Jesus disse-lhes: Vós pretendeis passar por justos aos olhos dos homens, mas Deus conhece os vossos corações. Porque o que os homens têm por muito elevado é abominável aos olhos de Deus. 

Os novos fariseus da economia católica portuguesa estão prontos a corrigir o Evangelho de S. Lucas.

Frei Bento Domingues, O.P.

Natal 2013

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